PF investiga elo entre fraude em descontos do INSS e pagamentos a ex-dirigentes do órgão

A Polícia Federal apura possíveis ligações entre o esquema nacional de descontos não autorizados em benefícios do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e pagamentos feitos a empresas e familiares de ex-integrantes da alta cúpula do instituto. A investigação, que também envolve a CGU (Controladoria-Geral da União), mira especialmente o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “careca do INSS”.

Antunes é apontado como peça central na rede de fraudes envolvendo entidades que aplicavam mensalidades indevidas sobre aposentadorias e pensões. Relatórios obtidos pela PF indicam que ele teria feito repasses diretos e indiretos a dois ex-diretores e ao ex-procurador-geral do INSS, Virgilio Antonio Ribeiro de Oliveira Filho, que foi afastado do cargo.

Segundo os investigadores, empresas ligadas à esposa de Oliveira Filho receberam cerca de R$ 7,54 milhões de Antunes. O ex-procurador também é investigado por ter emitido parecer favorável à aplicação de descontos em mais de 34 mil benefícios em nome da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), contrariando parecer anterior da Procuradoria do INSS.

Além disso, valores também teriam sido repassados por Antunes ao escritório do advogado de um filho de André Paulo Felix Fidelis, ex-diretor de Benefícios do INSS até julho de 2024. A PF aponta que esses pagamentos podem ter sido feitos como contrapartida por atos administrativos.

Outro nome envolvido é o de Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança e Gerenciamento de Riscos do INSS, que teria recebido — por meio de pessoas físicas e jurídicas a ele ligadas — mais de R$ 313 mil de empresas associadas ao esquema.

Os fatos vieram à tona na Operação Sem Desconto, deflagrada na última quarta-feira (23), e que apura desvios em descontos aplicados entre 2019 e 2024. A PF estima que cerca de R$ 6,3 bilhões foram descontados no período por diversas associações, parte dos quais de forma irregular.

De acordo com o Ministério Público Federal, há “sérios indícios” de que associações continuam promovendo descontos ilegais, resultando em enriquecimento ilícito, corrupção, ocultação de patrimônio, e possível violação de sigilo funcional.

Durante a operação, foram apreendidos aproximadamente R$ 41 milhões em bens, incluindo 61 veículos terrestres avaliados em R$ 34,5 milhões e 141 joias ou semijoias estimadas em R$ 727 mil.

Após a operação, Alessandro Stefanutto deixou a presidência do INSS. Em nota, sua defesa negou qualquer envolvimento e afirmou que ele provará sua inocência no curso da investigação.

A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos demais citados.

Redação: JNEWSCAST

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